Introdução
Nem toda água transparente é potável. A verdadeira segurança da água vai muito além da aparência. Ela depende de um rigoroso controle de parâmetros físico-químicos e microbiológicos, que são monitorados e regulados pela legislação brasileira para garantir que a população consuma água livre de riscos à saúde.
No Brasil, essa responsabilidade está definida pela Portaria GM/MS nº 888/2021, que estabelece os padrões de qualidade da água destinada ao consumo humano. Vamos entender melhor o que essa norma exige e como é feita a verificação da potabilidade da água.
O que define a potabilidade da água?
Água potável é aquela que não oferece riscos à saúde quando consumida. Para isso, ela precisa atender a critérios específicos de:
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Parâmetros físico-químicos
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Parâmetros microbiológicos
Parâmetros físico-químicos
Estes parâmetros avaliam as propriedades físicas e químicas da água. Os principais são:
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pH (Potencial Hidrogeniônico): mede a acidez ou alcalinidade da água. O valor ideal deve estar entre 6,0 e 9,5.
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Turbidez: indica a presença de partículas em suspensão. Deve ser inferior a 5,0 UT (unidades nefelométricas).
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Cloro residual livre: utilizado na desinfecção da água. Deve estar entre 0,2 e 5,0 mg/L no ponto de distribuição.
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Cor aparente: não deve ultrapassar 15 unidades Hazen (UH).
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Sabor e odor: devem ser agradáveis ou inexistentes.
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Flúor: benéfico em doses controladas, mas perigoso em excesso (limite: 1,5 mg/L).
Esses indicadores são essenciais para garantir conforto sensorial, preservação de tubulações e eficiência na desinfecção da água.
Parâmetros microbiológicos
Os parâmetros microbiológicos avaliam a presença de organismos patogênicos, especialmente bactérias que indicam contaminação fecal. Os principais são:
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Coliformes totais
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Escherichia coli (E. coli)
A presença de qualquer quantidade dessas bactérias é considerada inaceitável. A água potável deve ser completamente livre de coliformes fecais, pois sua presença pode indicar contaminação por esgoto e riscos graves à saúde pública, como surtos de hepatite, cólera e doenças diarreicas.
Como são feitas as análises da água?
A verificação da potabilidade é realizada por profissionais capacitados, que coletam amostras e aplicam testes com o auxílio de equipamentos específicos. As análises ocorrem em duas etapas:
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Em campo:Técnicos utilizam kits portáteis para verificar parâmetros básicos como pH, cloro residual e turbidez diretamente nos pontos de distribuição.
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Em laboratório:Análises mais detalhadas são realizadas em laboratório certificado, com foco em coliformes, metais pesados, substâncias químicas específicas, entre outros.
O que diz a Portaria GM/MS nº 888/2021?
Essa portaria do Ministério da Saúde, em vigor desde maio de 2021, define os padrões de qualidade da água para consumo humano e obriga os responsáveis pela distribuição (como empresas de saneamento e sistemas autônomos) a:
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Monitorar os parâmetros exigidos
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Divulgar relatórios periódicos à população
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Adotar ações corretivas em caso de não conformidade
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Notificar irregularidades à vigilância sanitária
O descumprimento das exigências pode gerar autuações sanitárias, interdições e multas, além de comprometer a saúde pública.
Por que monitorar a qualidade da água?
Garantir a potabilidade da água é fundamental para prevenir doenças, proteger a população e assegurar que a distribuição esteja de acordo com as normas legais.
A responsabilidade envolve tanto os órgãos públicos quanto os usuários que desejam garantir a qualidade da água em seus imóveis, condomínios, escolas e empresas.
Água limpa e segura é um direito fundamental. E isso só é possível quando seguimos critérios técnicos rigorosos, baseados em normas atualizadas e fiscalização contínua.
Seja na cidade, na zona rural ou em sistemas alternativos, monitorar a qualidade da água é um ato de responsabilidade com a saúde coletiva.
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